Monday, June 08, 2009

Mulheres encantadas à procura de príncipes reais

Minha bisavó casou porque foi obrigada. Minha avó, por falta de opção. Já minha mãe, casou porque estava apaixonada. Mas eu, sinceramente, ainda não sei se quero casar ou não. Todo mundo sabe que os tempos mudaram, principalmente o papel da mulher na sociedade. Hoje já representamos 60% no corpo de estudantes universitários, ocupamos altos cargos em grandes empresas e já provamos pro mundo que damos conta tanto da vida corporativa, como da vida dentro de casa. Sexo frágil é um termo que ficou obsoleto. E se, por um lado, nossas atitudes em nada mais se assemelham com a de nossas avós, uma coisa ainda não mudou: nossa forma de pensar.


Sem perceber, continuamos a alimentar aquela história de príncipe encantado, sem perceber que atualmente, essa tarefa é simplesmente impossível. Não porque existem mais mulheres do que homens, ou porque homem perfeito não existe. Tudo isso pode até ser verdade, mas não é o motivo principal. O fato é que, ninguém vai concordar, mas continuamos carregando dentro de nós um complexo horrível de inferioridade. Já provamos para todos do que somos capazes, mas ainda não conseguimos prvá-lo para nós mesmas.


Se ganhamos bem, ele tem que ganhar mais. Se gosto de viajar, ele tem que gostar mais. Se dou conta de tudo sozinha, ele tem que dar conta mais do que tudo, e com um braço só. Queremos nos sentir valorizadas não pelo que somos, mas por quem nos acompanha. E é aí que tudo começa a ficar complicado. Entramos em relações que não nos completam e temos dificuldades enormes de aceitar a situação de “solteira” enquanto todo mundo a nossa volta parece estar casado e feliz.


Só o tempo dirá se as escolhas feitas foram acertadas ou não, e talvez, nem ele. Fato é que precisamos começar a responder mais por nós mesmas. O trabalho maior já foi feito. Todo mundo já conhece o nosso potencial. Agora falta saber quando nós finalmente vamos conseguir aceitá-lo.


Sunday, June 07, 2009

Sobre pessoas fluidas

Sabe aquele ser que é tão cheio de si que a si só se basta? Ele vai sempre na dele, independente de onde isso for dar. Se quiser acompanhá-lo, ótimo, mas tem que ser de acordo com as suas regras. Se você não topar, azar o seu. Em geral, trata-se de pessoas enigmáticas e, justamente por isso, muito interessantes.

No entanto, esse tipo de gente, que tem ojeriza a dar satisfações e que preza a liberdade acima de tudo, acaba sendo vítima de uma prisão que eles criam sem nem perceber: a Solidão.
Quem vive num mundo assim, provavelmente nunca sofrerá com nada, nenhuma perda, afinal de contas, é incapaz de criar vínculos. Em compensação, nunca saberá como é bom confiar de verdade em alguém, como é bom se envolver, sem pensar no que está perdendo ou deixando de ganhar. Mas para isso é preciso coragem. Coragem pra se entregar, cair de cabeça, coragem pra fazer escolhas, e não querer equilibrar tudo e enrolar a todos, como se isso fosse possível.

Eu, por minha vez, me apego até a uma formiga. Sou, na verdade, o extremo oposto. Sou ansiosa e até um pouco neurótica, tenho mania de planejar e gosto de cultivar uma certa ilusão de controle sobre a minha vida. Está claro que não vejo nisso uma vantagem comparativa. Peco sempre pelo excesso. Em compensação, tenho amizades de 20 anos que com certeza durarão mais vinte anos. Meus amores foram vividos até a última gota e, algumas vezes, terminaram mesmo, em muitas e muitas gotas de lágrimas. E sim, eu sei que não é possível esperar que a vida siga sempre o rumo de um conto-de-fadas, mas um dia eu acerto!

Sunday, March 08, 2009

A cidade que é minha


A melhor coisa de uma viagem é voltar pra casa. Isso dito por uma pessoa que tem o ato de viajar como prioridade na vida e cujo sonho é viver fora pode parecer um pouco incoerente. Mas na verdade é justamente o contrário. Eu tenho minhas origens e referências tão fortemente enraizadas que isso me dá segurança pra ir aonde eu quiser.


Acabo de passar alguns dias fora. Vi coisas incríveis e vivi experiências maravilhosas. Mas como é bom chegar em casa! Tudo aqui no Rio é tão familiar pra mim que me descansa a retina e me sinto em paz. Vou passando pelas ruas e tudo aquilo que vejo faz um pouco parte de mim. Aquele é o prédio em que eu trabalhei, ali foi a faculdade em que estudei. Foi nesse canto que parti pela primeira vez meu coração. E naquele banco ali eu dei o meu primeiro beijo.


E mesmo assim, amando o Rio e sim, tendo um orgulho enorme de ser brasileira, eu quero morar fora. Já tive oportunidade de conhecer alguns lugares e nada até agora me agradou tanto quanto aqui. Mas não é pelo lugar, é pela sensação. E pela certeza de que, dessa forma, a beleza e alegria que me envolvem aqui nunca se tornarão óbvias, e que eu sempre vou ter algum lugar para onde voltar.


Wednesday, March 04, 2009

aula de meditação

Professora: - Agora, relaxem, prestem atenção no seu eu interior. Esvaziem-se de todos os pensamentos que possam ocupar sua mente e concentrem-se na sua respiração.



Mente: - Concentrar na respiração. Respira, inspira, respira, inspira. Xi, acho que estou ficando gripada. Deve ser o ar condicionado. Ah, não! É o incenso. Que droga, não entendo isso. Quando era criança não tinha alergia à nada, mas hoje em dia parece que sou alérgica a vida! Parece que tudo ao meu redor ou me dá coceira ou me faz espirrar. Mas tudo bem. Vamos lá. Respira, inspira. Respira, inspira. Eu não estou pensando em mais nada. Eu não estou pensando em mais nada. Eu não estou pensando em mais nada!!! Não, pensando bem, acho que eu estou pensando que não estou pensando, mas continuo pensando nisso. Caramba, como é difícil! Será que eu sou a única pessoa que não consegue fazer isso ou ninguém faz e diz que faz? Vai ver tudo isso que a gente escuta sobre meditação é papo fiado. Eu tento desligar a mente, mas ela não se desliga, daí fica complicado. Vamos lá. Pensa no branco! Pensa no branco! Chantilly, Marshmallow, torta de côco. Acho que estou há muito tempo sem doce. Mas nem sinto mais tanta vontade. Acho que o fato de eu estar sonhando com chocolate há 5 dias é mera coincidência. O que será que eu vou ter pra fazer amanhã? Eu não acredito que a Marthinha me convenceu de ir no show dos Backstreet boys. Isso é coisa de gente que não viveu em cidade grande! Mas até que vai ser divertido. Como é aquela música mesmo? Oh no I don’t. Wanna be alone. No more, no more. Do you believe in Love like I do? Não, acho que essa não é deles. Mas só consigo pensar nela. Ah, já sei! And I waaant it that way! hahaha, é isso mesmo! E eu ainda não me lembrei do nome do chinesinho do filme Austrália. Era alguma coisa em inglês... kill Bill. Não, kill Bill não... acho que era com s. Já sei, SING SONG! Hahahaha, genial! Um chinês chamado sing song! Adorei! Ai, ta bom, já sei: meus pensamentos todos estão em um quadro negro e agora eu estou apagando a lousa. Apagando, apagando, e está tudo ficando branco. Mas na verdade o quadro é negro, não, na verdade verdadeira, é verde. Aliás, onde foi parar aquele quadro negro verde que a gente tinha!? Agora ia combinar com o quarto da Manu. Por falar nisso, agora tenho que pensar o que vou fazer com aquela parede roxa do meu quarto. Acho que o adesivo vai ficar muito artificial. Vou comprar um monte de guloseimas! Será que aquele sorvete de flocos ainda está no congelador?Ai, já estou pensando em doce de novo! Tem gente que não liga pra doce. Como é que pode? Desde criança eu...



Professora: Então, agora podem despertar de seu sono...


Mente: Ops...


Tuesday, March 03, 2009

"Para onde vai o meu amor,

Quando o amor acaba?

Já se perguntava Chico Buarque há dezenas de anos atrás. Se o mestre da MPB não soube responder essa questão, não vai ser eu quem vai sair com a fórmula. Mas como sou intrometida, me atrevo a tentar algumas especulações.

Pra começar, não afirmaria com tanta certeza que o amor acaba. Acho, sinceramente, que a única forma de deixar de amar, é nunca tendo amado. Não acredito que um sentimento desse porte possa simplesmente evaporar, de uma hora pra outra. Um belo dia você acorda e: - Puxa, que interessante, não amo mais!

O que acontece é que, às vezes, por um motivo ou por outro, você resolve que não quer mais sentir isso. E então começa aquele velho processo de superação, em que você se envolve com qualquer coisa capaz de ocupar mais de cinco minutos do seu tempo e aos poucos vai “sarando”, até que a gente pensa que acabou.

Mas ainda está lá. Está na sua experiência, na nova pessoa que você se tornou e até no seu novo amor. Está na sua forma de pensar, de reagir e nas suas expectativas. Ainda está presente, embora você não perceba. Porque tudo aquilo que a gente vive, é pra sempre.

Dessa forma, guardo em mim todos os amores que já tive e todos os que eu ainda terei. Da mesma maneira que pode se amar várias pessoas ao mesmo tempo, não se ama igual nenhuma delas. Não se cura um amor com outro, porque amar não tem cura! E mesmo se tivesse, eu preferiria não saber a fórmula.

Friday, February 20, 2009

depende do referencial

Hoje no caminho contei quatro borboletas. Sendo que uma delas era azul, daquelas cintilantes. Simplesmente linda. Me lembrei de quando estudava no colégio de freiras no Alto da Boa Vista. Lá havia muitas desse tipo.

Teve um casal de passarinhos que fez um ninho na rede elétrica. Não é um lugar muito propício, mas ficou bonito, até porque começaram a nascer uns botões de flores lilás. Talvez eles estejam em lua-de-mel.

Num salão de beleza ofereciam um serviço de "hard dreed". Fiquei imaginando se seria uma variação de dread lock, ou apenas uma variação de escrita.

Um pintor desses de muro entitulou a empresa dele de "É isso aí" (o que me lembra aquela versão horrorosa de Ana Carolina para a musica tema de Closer) e até botou um telefone para contato na parede. Deve ser uma boa maneira de marketing.

Vi um moço que andava ligeiramente torto na sua sandália havaiana branca. Será que as outras pessoas também reparam que o meu pé direito está sempre inclinado, e que eu piso com a lateral do pé?

Uma moça estava com um tapão no olho e andava bastante decidida em linha reta. Se alguém olhasse pra ela de perfil, provavelmente pensaria que era bonita.

Mulheres que choram, homens olhando para o relógio, crianças brincando. Meninos de rua lavando um carro e se lavando ao mesmo tempo.

Tudo isso acontecendo dentro dos 20 minutos em que passo de carro. Desconhecidos que por um momento, por força do acaso, dividem o mesmo espaço físico.

Depois ainda me chamam de distraída! Ora essa, não é questão de distração. Muito pelo contrário. Eu só estou prestando atenção em coisas que quase ninguém observa.


Thursday, February 19, 2009

A vida secreta das palavras

Adoro livros, textos, poemas e frases. Mas detesto o fato de que as palavras ainda são o meio mais utilizado para se expressar. Sentimentos não se rotulam. Pessoas sentem diferentemente e, no entanto, temos apenas algumas poucas palavras para explicar tudo isso. E isso porque o português ainda é considerado uma língua de vocabulário muito rico. Imagina se não fosse?


No inglês, por exemplo, não existe palavra que represente a saudade. Ao invés disso, se utiliza o tal "I miss you". De fato, se você sente falta de alguém, deve estar sentindo saudades. Mas não é suficiente.
Você pode sentir saudades e não sentir falta, ficando apenas aquela memória boa do que passou. Você pode sentir falta, mas não querer mais isso pra você. Então será que pode ser considerado saudade?

Ao mesmo tempo, você pode sentir falta de algo que não aconteceu, mas em algum momento lhe pareceu real. É a tal saudade do que não foi. Saudade de um amor não é igual a saudade de um amigo, apesar de que uma pode estar dentro da outra. Saudade de quem você não conheceu. Saudade de quem você conheceu mas não se aproximou. Saudade de quem se conheceu, se aproximou e marcou. Saudade de quem marcou e foi embora. Saudade do que nunca vai acontecer, mas poderia ter acontecido. Saudade de uma ilusão.

Saudade de tudo isso de uma vez só.

Ou, simplesmente, saudade.


Quando o problema é a gente

Ultimamente tenho achado tudo chato. Faço um tipo de trabalho e acho enfadonho. Consigo entrar para o emprego dos meus sonhos e não é aquilo que eu imaginava. Estou cansada de ficar em casa e saio pra me divertir, mas não páro de olhar o relógio. Estou sem paciência para tudo e para todos. Dadas as circunstâncias, chego à conclusão que a chata só pode ser eu.


A verdade é que minha cabeça já está em outro lugar. Qualquer coisa que eu faça agora vai ser um simples preenchimento de tempo. Algo que eu torço para que seja provisório, e ao mesmo tempo temo que não seja. Nada é garantido e tudo o que eu tenho a fazer agora é esperar.


Esperar. Que ironia. Justamente a coisa que eu mais detesto fazer da vida. Sou daquele tipo de pessoa que acha que se não estiver se ocupando da engrenagem do mundo 24h por dia, ele simplesmente pára. Esse negócio de "dar tempo ao tempo" nunca foi minha especialidade.


Pois é. Mas por enquanto isso é tudo que tenho pra fazer. E me esforçar para não enlouquecer durante esses dois meses. Talvez seja um bom exercício.