Sunday, March 08, 2009

A cidade que é minha


A melhor coisa de uma viagem é voltar pra casa. Isso dito por uma pessoa que tem o ato de viajar como prioridade na vida e cujo sonho é viver fora pode parecer um pouco incoerente. Mas na verdade é justamente o contrário. Eu tenho minhas origens e referências tão fortemente enraizadas que isso me dá segurança pra ir aonde eu quiser.


Acabo de passar alguns dias fora. Vi coisas incríveis e vivi experiências maravilhosas. Mas como é bom chegar em casa! Tudo aqui no Rio é tão familiar pra mim que me descansa a retina e me sinto em paz. Vou passando pelas ruas e tudo aquilo que vejo faz um pouco parte de mim. Aquele é o prédio em que eu trabalhei, ali foi a faculdade em que estudei. Foi nesse canto que parti pela primeira vez meu coração. E naquele banco ali eu dei o meu primeiro beijo.


E mesmo assim, amando o Rio e sim, tendo um orgulho enorme de ser brasileira, eu quero morar fora. Já tive oportunidade de conhecer alguns lugares e nada até agora me agradou tanto quanto aqui. Mas não é pelo lugar, é pela sensação. E pela certeza de que, dessa forma, a beleza e alegria que me envolvem aqui nunca se tornarão óbvias, e que eu sempre vou ter algum lugar para onde voltar.


Wednesday, March 04, 2009

aula de meditação

Professora: - Agora, relaxem, prestem atenção no seu eu interior. Esvaziem-se de todos os pensamentos que possam ocupar sua mente e concentrem-se na sua respiração.



Mente: - Concentrar na respiração. Respira, inspira, respira, inspira. Xi, acho que estou ficando gripada. Deve ser o ar condicionado. Ah, não! É o incenso. Que droga, não entendo isso. Quando era criança não tinha alergia à nada, mas hoje em dia parece que sou alérgica a vida! Parece que tudo ao meu redor ou me dá coceira ou me faz espirrar. Mas tudo bem. Vamos lá. Respira, inspira. Respira, inspira. Eu não estou pensando em mais nada. Eu não estou pensando em mais nada. Eu não estou pensando em mais nada!!! Não, pensando bem, acho que eu estou pensando que não estou pensando, mas continuo pensando nisso. Caramba, como é difícil! Será que eu sou a única pessoa que não consegue fazer isso ou ninguém faz e diz que faz? Vai ver tudo isso que a gente escuta sobre meditação é papo fiado. Eu tento desligar a mente, mas ela não se desliga, daí fica complicado. Vamos lá. Pensa no branco! Pensa no branco! Chantilly, Marshmallow, torta de côco. Acho que estou há muito tempo sem doce. Mas nem sinto mais tanta vontade. Acho que o fato de eu estar sonhando com chocolate há 5 dias é mera coincidência. O que será que eu vou ter pra fazer amanhã? Eu não acredito que a Marthinha me convenceu de ir no show dos Backstreet boys. Isso é coisa de gente que não viveu em cidade grande! Mas até que vai ser divertido. Como é aquela música mesmo? Oh no I don’t. Wanna be alone. No more, no more. Do you believe in Love like I do? Não, acho que essa não é deles. Mas só consigo pensar nela. Ah, já sei! And I waaant it that way! hahaha, é isso mesmo! E eu ainda não me lembrei do nome do chinesinho do filme Austrália. Era alguma coisa em inglês... kill Bill. Não, kill Bill não... acho que era com s. Já sei, SING SONG! Hahahaha, genial! Um chinês chamado sing song! Adorei! Ai, ta bom, já sei: meus pensamentos todos estão em um quadro negro e agora eu estou apagando a lousa. Apagando, apagando, e está tudo ficando branco. Mas na verdade o quadro é negro, não, na verdade verdadeira, é verde. Aliás, onde foi parar aquele quadro negro verde que a gente tinha!? Agora ia combinar com o quarto da Manu. Por falar nisso, agora tenho que pensar o que vou fazer com aquela parede roxa do meu quarto. Acho que o adesivo vai ficar muito artificial. Vou comprar um monte de guloseimas! Será que aquele sorvete de flocos ainda está no congelador?Ai, já estou pensando em doce de novo! Tem gente que não liga pra doce. Como é que pode? Desde criança eu...



Professora: Então, agora podem despertar de seu sono...


Mente: Ops...


Tuesday, March 03, 2009

"Para onde vai o meu amor,

Quando o amor acaba?

Já se perguntava Chico Buarque há dezenas de anos atrás. Se o mestre da MPB não soube responder essa questão, não vai ser eu quem vai sair com a fórmula. Mas como sou intrometida, me atrevo a tentar algumas especulações.

Pra começar, não afirmaria com tanta certeza que o amor acaba. Acho, sinceramente, que a única forma de deixar de amar, é nunca tendo amado. Não acredito que um sentimento desse porte possa simplesmente evaporar, de uma hora pra outra. Um belo dia você acorda e: - Puxa, que interessante, não amo mais!

O que acontece é que, às vezes, por um motivo ou por outro, você resolve que não quer mais sentir isso. E então começa aquele velho processo de superação, em que você se envolve com qualquer coisa capaz de ocupar mais de cinco minutos do seu tempo e aos poucos vai “sarando”, até que a gente pensa que acabou.

Mas ainda está lá. Está na sua experiência, na nova pessoa que você se tornou e até no seu novo amor. Está na sua forma de pensar, de reagir e nas suas expectativas. Ainda está presente, embora você não perceba. Porque tudo aquilo que a gente vive, é pra sempre.

Dessa forma, guardo em mim todos os amores que já tive e todos os que eu ainda terei. Da mesma maneira que pode se amar várias pessoas ao mesmo tempo, não se ama igual nenhuma delas. Não se cura um amor com outro, porque amar não tem cura! E mesmo se tivesse, eu preferiria não saber a fórmula.